Quase a fazer uma semana, o golpe de Estado na Guiné-Bissau continua sem autores assumidos. O poder na Guiné está neste momento nas mãos de anónimos, o que é revelador do seu grau de coragem e de boa-fé. Mas falta-lhes talento: primeiro o CEMGFA António Indjai estava detido (porquê?), depois passou a estar em lugar seguro, agora não há resposta ... Esse conjunto de anónimos, que não dispõe de nenhum tipo de legitimidade, arroga-se o poder de interromper o processo eleitoral para reclamar eleições, e acena com uma suposta carta do PR interino e do PM acordando uma intervenção militar angolana. Onde está essa carta? Alguém a viu? Este poder supostamente anónimo confia numa tradição de impunidade para obter ganhos que lhe permitam subverter, pelo menos em parte, a vontade já expressa e a exprimior pelo eleitorado. Não merecem qualquer contemplação. Há que quebrar o ciclo de violência e impunidade. A ONU tem de poder ouvir a vontade dos titulares dos órgãos de soberania ilegalmente detidos, pois eles continuam a representar o povo guineense, e se isso não for possível, conferir o mandato necessário para a resolução da crise, pela força, por quem o possa e queira fazer.