Espanta-me o alvoroço criado com o imposto sobre os depósitos bancários em Chipre. Já estava na hora de pôr o capital a contribuir para o salvamento dos bancos, em vez de sobrecarregar exclusivamente os rendimentos do trabalho com essa tarefa - cuja inevitabilidade se funda sempre em considerações de elevada abstracção, como o risco sistémico, alheias a qualquer juízo de equidade. Dir-se-á que no caso dos pequenos aforradores a distinção entre rendimentos do trabalho e do capital é pouco nítida; então faça-se a diferença, isentando os depósitos de menor montante. Parece que é exactamente isso que o Governo cipriota não quer, por causa dos depositantes estrangeiros, russos e britânicos, que aproveitaram as condições ofereicdas pelo «paraíso fiscal». Mas afinal, o Governo de Chipre governa para quem?